Bruna Padilha
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.-Clarice Lispector
Meu Diário
15/08/2024 15h39
confusão de pensamentos/amor PART I

   Eu gostaria de me apaixonar. Acho que esse sentimento um tanto agoniante é comum em adolescentes no auge dos seus hormônios, em pessoas desocupadas, gente no momento ápice de sua carência ou consumidores compulsivos de livros de romance como Jane Austen ou Erich Fromm.

   O meu caso eu não sei decifrar, se amar é uma evidência concreta e precisa de que estou viva, por que não amo? Quantos filmes dos anos 2000 contam a  história de adolescentes que se apaixonam no ensino médio existem? Aqueles em que o garoto popular escolhe a nerd viciada em filosofia e livros, sabe?
   Eu gostaria de sentir o que tantos sentem, aquela coisa fria mas quente ao mesmo tempo que sobe no corpo e arrepia todo o meu ser por conta do encostar dos mindinhos da mão, ou aquela despreocupação em escrever cartas de amor com milhares de beijos feitos na folha com batom vermelho ou falar e fazer coisas ridículas e ser a pessoa mais cafona do lugar por motivos de: você. Você é a pessoa que me ridiculariza e a qual também sou ridiculadamente apaixonada.
   Sempre pensei que amaria cedo, leio desde pequena, e se conheci o que é mais ou menos o amor por livros, que o retratam de forma tão intensa e detalhada, então logo na primeira oportunidade eu amaria, intensamente, o que é um tanto louco pensar nisso pois estou bem na idade de ter o primeiro amor mas a única coisa que senti de fato foi um negócio na barriga por que o menino era inteligente e tinha um gosto musical bom, e logo passou. O resto é resto. 
   Sou cercada por perguntas que atingem um grau um tanto maior do que gostaria, como: o amor que escolhe? Nós o escolhemos ou o amor foi uma palavra bonita inventada para vários hormônios que se juntam e começam a tomar decições sérias como passar o resto da vida juntos na tristeza ou na alegria. Seria só isso? O que é um tanto contraditório, alias, se são só hormônios, por que eles duram tanto, e no caso de alguns duram uma vida toda? Se só são hormônios, por que são justo esses que dependendo de seu nível nos faz fazer coisas idiotas? E também, até que ponto o amor é que humaniza um ser humano? É a única coisa que toda a humanidade partilha sem exceções, porém é ao mesmo tempo a única coisa que temos que nos faz sair do estado humano. Por exemplo, se amar, é estar disponível em abandonar nossos sonhos e planos pela outra pessoa, há ai uma quebra de orgulho, flexibilização da mente humana que costuma estar muito indisponível em mudar coisas que consideramos imutáveis, mas por algum motivo, por amor nós fazemos isso. Então se amar, é ignorar a nossa natureza humana em prol e amor da pessoa amada, até que ponto amar nos torna humanos?

Por hoje deu.

Publicado por Bruh Padilha
em 15/08/2024 às 15h39
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